domingo, 30 de novembro de 2008

Banho de Pipoca

O motivo do banho é que quinta-feira, 17 de agosto, foi dia de São Roque, ou Obaluaê no candomblé.
O banho de pipoca acontece para pedir ou agradecer coisas boas que o santo protetor dos doentes fez para quem é devoto, e também para "limpar o corpo" de olho-gordo e de todo tipo de problema. Na Bahia, comemoram na igreja do Alto de São Lázaro. E comemoram juntos, católicos e os adeptos do candomblé.




Alguns orixás relacionados a santos católicos:

Exú – é a divindade festeira tido como o diabo;

Iansã – Santa Bárbara;

Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição;

Nana – Nossa Senhora de Santana;

Ogum – Santo Antônio;

Omolú - São Lázaro;

Oxalá – Senhor do Bomfim;

Oxossi – São Jorge;

"'Baiano’ é uma categoria histórica"


“Ao contrário do que se parecem sugerir as nossas diversas fantasias da ‘baianidade’, ninguém é ou foi ‘baiano’ por conta de algum decreto divino. ‘Baiano’ é uma categoria histórica, gerada na convergência de determinados processos sociais”.

Antonio Risério em A história da cidade da Bahia.



A Bahia, berço do Brasil, assim como o resto do país nasceu através da heterogeneidade caracterizada pela mistura das culturas européia, africana e indígena no período colonial. E a partir disso, surgiu um povo singular de características únicas construídas ao longo da história.

O primeiro traço da exploração colonial e talvez o mais forte no povo baiano é a fé. Com os jesuítas, os portugueses tentaram civilizar o povo indígena e também os africanos escravos. Mas, como a cultura européia não conseguia impor sua supremacia cultural nem civilizar os seres habitantes e os trazidos para o trabalho braçal, formou-se aos poucos a fé sincrética que ressalta o que chamamos Bahia de Todos os Santos.

A heterogeneidade étnica e sociológica na fé baiana mostra como as raízes culturais se misturaram, principalmente a religião católica européia e o candomblé (na verdade, a própria religião africana aqui tem traços singulares, pois surgiu com a reunião de escravos de diversas nações da África). Vale ressaltar que esse tal de sincretismo não tem nada de belo, nem muito menos foi um processo pacifico. Na verdade, os escravos tiveram nisso a única maneira de terem seus costumes “aceitos” na sociedade brasileira.

Hoje, na capital com mais igrejas católicas do Brasil, os orixás do candomblé dançam (ou deveriam dançar) no Dique do Tororó (lugar que já foi ponto turístico e que hoje, se desejar, é melhor tirar fotos do alto ou de dentro do carro), e para quem não quer dizer que é filha de Iansã, diz que é devota de Santa Bárbara (não que não haja devotos fervorosos de Santa Bárbara na Bahia). Na verdade, para quem vê de fora a Bahia é uma sopa de santos, ritos, crenças. Como já dizia um querido professor que tive Carlos Magno “Sou, católico, apostólico, BAIANO”. Ou seja, na Bahia, todo mundo é um pouco de tudo.

Atualmente, vivemos uma guerra santa em que, os evangélicos expulsam exu das pessoas na televisão, o candomblé está clareando e o catolicismo escurecendo. Não quero parecer preconceituosa, mas o com a indústria do turismo faturando com os passeios dos estrangeiros nas terras baianas, com o sucesso da fitinha do Sr. do Bonfim, trancinhas rastafari e andar de havaianas nas ladeiras do Pelourinho, ficou chic ser adepto do Candomblé (novamente, acredito que existem adeptos fervorosos dessa religião).

Não que passear pelos terreiros e conhecer uma parte da cultura religiosa do brasileiro seja errado, até porque milhares de pessoas viajam todos os anos para ver as igrejas do Vaticano, as sinagogas de Meca, entre outros. Mas, como baiana que sou procuro entender onde está realmente a fé dessas pessoas, no que elas acreditam? Visitar e conhecer a vida e a cultura de um povo aumenta a nossa percepção do mundo e de nós mesmo, mas explorar a religião de um povo como mercadoria turística é depreciar toda uma evolução histórica, étnica e cultural de uma nação.


Catharina Gonzalez





"Eu acredito em Deus, sou católica: batizada, crismada, fiz primeira comunhão, vou à missa, confesso, comungo tenho uma relação muito profunda com Nossa Senhora. Não tenho muita intimidade com Deus, e o modo de chegar até Ele é através de Nossa Senhora. Com Ela tenho uma relação de intimidade, com todo o respeito. Me sinto à vontade para conversar com Ela, para chorar, sorrir, cantar para Ela, reverencia-la. Através dela peço para que minhas orações cheguem a Ele. Minha relação com a Mãe Menininha era mais ou menos assim, tentava chegar aos deuses africanos por meio dela. E quando ela adormeceu fiquei muito triste, porque senti uma grande saudade”. Maria Bethânia.

http://www.geocities.com/WestHollywood/Parade/1347/main5.html

130 FITINHAS DO SENHOR DO BONFIM DA BAHIA

Nenhuma outra igreja em Salvador, ou mesmo em toda a Bahia, atrai tantos devotos quanto a do Senhor do Bonfim.
A Lavagem das Escadarias do Bonfim é considerada a segunda maior manifestação popular da Bahia, perdendo apenas para o carnaval. O ritual, que se repete todos os anos desde 1754, reúne milhares de pessoas e acontece sempre na segunda quinta-feira do mês de janeiro.
O festejo começa às 10 da manhã, quando os participantes se concentram em frente à Igreja da Conceição da Praia para dar início a uma caminhada de 8 km até a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. O cortejo é comandado por baianas em trajes típicos (turbantes, saias engomadas, braceletes e colares) que carregam vasos com água de cheiro. Atrás delas vem o bloco Filhos de Gandhi e uma multidão de fiéis. Todos se vestem de branco, que é a cor de Oxalá, o deus Yorubá sincretizado com Senhor do Bonfim.
Diz a crença que uma fita do Senhor do Bonfim atada em torno do pulso, com três nós que representam três pedidos, e quando a fita soltar do seu braço, os três pedidos serão realizados.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Símbolos de Sorte

Olho de Hórus: é um símbolo, proveniente do Egito Antigo, que significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas. Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Horus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Set. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além.



Olho Grego: É um antigo talismã contra a inveja e o mal olhado. O olho está simbolicamente ligado ao Sol, que é a força que afasta o mal. O olho grego, ou olho turco, tem sua origem mais conhecida nos países árabes, e migrou para os povos que tinham contato com eles, como Grécia, norte da África, etc. Ele está sempre ligado a proteção, a afastar a negatividade, e a "absorver" o mal olhado para ele, impedindo que atinja a pessoa... No Brasil, esse objeto do folclore mediterrânio, agora tem maior notoriedade por causa da novela da Rede Globo.

Mandalas: É o Círculo Mágico de concentração de energia, com propriedades de cura interior e exterior.Por sua beleza, pode ser usada como objeto decorativo e harmonizador de ambiente.

Atua terapêuticamente no estado emocional do indivíduo e também do ambiente físico. Serve para meditação; trabalho; harmonização; relacionamentos; saúde; prosperidade...





Trevo de 4 Folhas: O Trevo é uma planta herbácea cujas folhas são dotadas de três folíolos (folhas), eque crescem espontaneamente nas terras das regiões temperadas. Raramente é encontrado um Trevo de 4 folhas e, quando isto acontece, é interpretado como sinal de boa sorte. Por incrível que possa parecer, possuir um Trevo de 4 folhas traz sorte, possibilitando-se alcançar a realização de suas aspirações e desejos. Entretanto, para que o Trevo de 4 Folhas lhes dê sorte, o mesmo deve ser recebido de alguém e repassado para mais três pessoas.




Superstições


1- Não presta varrer a casa à noite, porque o membro mais velho da família morre.

2- Vestir a roupa do lado do avesso dá um "revertério" na vida da pessoa.

3- Não se costura roupa com a pessoa vestida. Não sei o que acontece, mas...

4- Não presta dormir com as portas do armário abertas.

5- Derramar sal dá azar.

6- Não se assovia à noite porque "chama cobra" (De onde tiraram isso, não me perguntem).

7- Não se varre embaixo do berço da criança antes que ela seja batizada.

8- Não se deixa a bolsa no chão porque "o dinheiro vai embora"

9- Se alguém varrer e passar com a vassoura em cima dos seus pés, você não casa.

10- Borboleta dentro de casa dá azar, se for preta (!?) e dá sorte, se for de outra cor.

11- Não se deixa sapato embaixo da cama.

12- Abrir guarda-chuva dentro de casa mata a mãe (?!).

13- Fazer enxoval antes de ter um pretendente é solteirice eterna.

14- Não se come com treze pessoas à mesa.


Merindilogun

O jogo com os 16 búzios é chamado Merindilogun, onde cada búzio representa um orixá e neste jogo a resposta dos orixás é dada por meio dos odu que são 16 mais um, correspondendo diretamente ao numero de búzios lançados, a quantidade de búzios abertos indica o odu. Os 16 odus são:


1- Okaran - Exu

2- Ejiokomeji - Ogum e Ibeji

3- Etaogundá - Obaluaiê e Ogum

4- Yorosun - Iemanjá

5- Osé - Oxum

6- Obará - Oxóssi, Logunedé e Xangô

7- Odi - Pxóssi Obaluaiê e Oxaguiã

8- Ejionilé - Oxaguiã

9- Osá - Iansã

10- Ofun - Oxalufã

11- Owarín - Ogum, Iansã e Exu

12- Ejilaseborá - Xangô

13- Odilobán - Nanã

14- Iká - Oxumaré e Ossaim

15- Obeogundá - Ewá, Obá, Oxumaré e Omolu

16- Aláfia - Orixalá, Odudua, Obatalá e todos os Orixás funfun


Todos nós temos um odu de nascimento, para sabe-lo basta somar os números da data de nascimento e verificar que odu corresponde. Como os odus vão de 1 a 16 é preciso somar o resultado encontrado para que ele caiba dentro desta numeração e o orixá correspondente a este numero.


Exemplo, data de nascimento dia 02 de junho de 1924: 2 + 6 + 1 + 9 + 2 + 4 = 24 = 2 + 4 = 6

O odu correspondente desta pessoa é Obará - Oxóssi, Logunedé e Xangô.

Orixá que domina os caminhos da pessoa, não é necessariamente o orixá dono da cabeça desta pessoa, esta resposta só pode ser obtida através do jogo de búzios.


Os principais delineiam a situação, objetivo, virtude e defeito. Eles foram criados para dar corpo aos adjetivos bom, mau, feio, bonito, forte, fraco, triste, alegre e assim por diante, influenciando no comportamento de tudo que tem vida. Cada um deles tem uma explicação definida:


1 - OKANRAN - A Insubordinação

2 - EJI-OKÓ - A Dúvida

3 - ETÁ-OGUNDÁ- A Obstinação

4 - IROSUN - A Calma

5 - OXÉ - O Brilho

6 - OBARÁ - A Riqueza

7 - ODI - A Violência

8 - EJI-ONÍLE - A Intranquilidade

9 - OSSÁ - A Alienação

10 - OFUN - A Doença

11 - OWANRIN - A Pressa

12 - EJI-LAXEBORÁ - A Justiça

13 - EJI-OLOGBON - A Meditação

14 - IKÁ-ORI - A Sabedoria

15 - OGBÉ-OGUNDA - O Discernimento

16 - ALAFIA - A Paz

Búzios


No Candomblé, cultuar Ifá, também conhecido como Orunmilá, é fundamental. Divindade da sabedoria para os religiosos Iorubás, nada se faz sem antes consultá-lo. Seu objeto principal é o Opon Ifá, tábua sagrada onde os Odús (signos Iorubás) são marcados no pó Ierosum (pó de uma árvore sagrada, corroída naturalmente pelos cupins), constituindo-se numa espécie de enciclopédia oral das tradições dos religiosos Iorubás. Os porta-vozes de Ifá são os Babalawós, “pais do segredo” ou sacerdotes de Ifá.





O seu instrumento de culto é o Opon Ifá.
O dia da semana que lhe é dedicado é a sexta-feira.

Elemento: água

Pedra: pérola

Saudação: Ifá mó pé, Orunmilá mo pé


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Espiritismo
















A Religião:

Espiritismo é uma doutrina religiosa, científica e filosófica codificada por Allan Kardec através dos livros conhecidos como as "obras básicas do espiritismo", por exemplo O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Diz-se codificada, pois, de fato, quem escreveu estas obras - que deram origem ao espiritismo - foram espíritos de luz, para tanto utilizaram médiuns espalhados pela Europa e continente americano.

O que Revela:


Revela novos conceitos mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida. Revela, ainda, o que somos de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da existência terrena e qual a razão da dor e do sofrimento.


Principios Básicos:


-A existência de Deus como criador do universo

- A existência, sobrevivência e individualidade do espírito

-As vidas sucessivas através de reencarnação

-A justiça divina expressa na lei de causa e Efeito

-O livre arbítrio como expressão de liberdade individual

-O intercâmbio entre o mundo físico e o "extra-físico"

-A pluralidade dos mundos habitados representando a humanidade cósmica


Signos do Espiritismo:

















Copo D'água:

Se colocarmos um copo de água destampado em um lugar seguro da casa, a mesma protegerá todo o ambiente de quaisquer interferências ruins aos olhos de Deus (esta água deverá ser trocada todos os dias).

















O Passe:

O Passe Espiritual constitui-se em uma prática importante no meio espírita, envolvendo o necessitado, o médium passista (medianeiro e co-participante do processo) e o espírito assessor. Basicamente, o passe envolve uma troca de fluidos, e não possui qualquer tipo de contra indicação, sendo sempre valioso nos diversos tipos de enfermidades e distúrbios, podendo ser aplicado em qualquer pessoa e de qualquer idade.


Espiritismo na Bahia , no Brasil e no Mundo

Entre 1853 e 1854 surgiram no Brasil notícias sobre os fenômenos das "mesas girantes" que ocorriam principalmente nos Estados Unidos da América e na Europa, publicadas no Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, do Diário de Pernambuco, de Recife, e em O Cearense, de Fortaleza.

*Primeiro Centro Espírita do Mundo - Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada em 1º de abril de 1858, por Allan Kardec.

*Primeiro Centro Espírita do Brasil - Grupo Familiar de Espiritismo, instalado em 17 de setembro de 1865, às 30h30m, por Luís Olímpio Teles de Menezes, na cidade de Salvador, na Bahia.

Pimenta, proteção contra a inveja!

Os brasileiros são pessoas crentes, religiosas ou não. São devotos; põem fé em Deus e em Cristo; em Buda e em Oxalá; em seres Encantados e em Krishina; em Espíritos de Luz e da Floresta, em Santos e Anjos. E há até brasileiros que não acreditam em nada, com muita fé. Os brasileiros crêem no bem e no mal; na sorte e no azar. Apegados às suas crenças, se valem de uma infinidade de objetos que guardam mistérios a fim de obter a proteção divina; para atrair o bem e para afastar o mal. Escapulários, patuás, amuletos, talismãs e medalhas são alguns exemplos de signos da fé e da crença dos brasileiros.

Colares e pulseiras com pimentas vermelhas, argolas e contas de vidro de murano, correntes, medalhas, cascalho de coral e cristais também são muito usados para proteção.



















Oração contra a inveja e o mau-olhado

Gloriosos São Sebastião, São Jorge, São Lázaro, São Roque, São Benedito, São Cosme e São Damião. Todos vós, bem-aventurados santos do céu, que curais e aliviais os enfermos, intercedei junto a Deus por mim, vosso servo. Vinde gloriosos santos, em seu auxílio. Fechem-se os olhos malignos, emudeçam as bocas maldosas, fujam os maus pensamentos e desejos. Por esta cruz serei defendido. Por esta cruz serei defendido. Por esta cruz estarei livre (fazer o sinal-da-cruz três vezes com um crucifixo). Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo; para sempre seja louvado. Rezar, em seguida, um Pai Nosso e três Ave-Maria.



FIGA

Um dos amuletos preferidos pelos seguidores das religiões afro-brasileiras, a figa já era conhecida na pré-história européia - que entre as suas crenças incluía o sexo e a fertilidade como forças do bem - redundando daí a certeza de que esse amuleto tem poder contra o mau-olhado.

Na Turquia, o gesto da figa projetando seu polegar entre o primeiro e o segundo dedo da mão, tem significado extremamente ofensivo, sendo considerado obsceno na área do Mediterrâneo. De forma geral, porém, ela é tida como um amuleto contra o azar, o mau olhado e a inveja, e por isso mesmo, na opinião dos que acreditam em forças não naturais, deve estar sempre na bolsa ou na carteira. E são eles que apontam três recomendações a serem consideradas pelos supersticiosos:

  • Se você perdeu uma figa, não tente mais encontrá-la, porque ela foi embora com toda a carga de maldade que ia cair em cima de você.

  • A melhor figa, diz a sabedoria popular, é a que se ganha, não a que se compra. E você pode usá-la junto com outros objetos de sorte, em um conjunto chamado balangandã.

  • Compre uma figa do tamanho de seu dedo médio, mais ou menos, preferentemente de madeira, e leve-a consigo em uma sexta-feira, ao se dirigir ao seu local de trabalho. Chegando lá, procure escondê-la em um lugar onde os outros não possam achá-la com facilidade, e quando fizer isso, diga: “Essa figa é minha segurança neste emprego, e por isso jamais serei despedida sem uma causa justa”.
Fernando Danneman

Joias de Axé


“A confecção de uma conta é algo muito sério. Quando se enfia uma conta, você deve concentrar toda a energia em cada uma das miçangas. Depois, é preciso lavá-la com as folhas devidas. Caso todo esse ritual não seja cumprido, o elo de energia se perde”, afirma Mauro Rossi.

Os fios-de-contas são assunto de tanta responsabilidade que o babalorixá é quem escolhe a pessoa que fará as primeiras contas de cada novo membro da comunidade. “Intransferível, o fio-de-contas é um objeto permanente. É acompanhante da vida, no trabalho, no lazer, nos diferentes momentos sagrados no terreiro”, diz o antropólogo e museólogo Raul Lody no livro Jóias de Axé. De todos os fios, existe um que irá seguir o iniciado por toda a vida, o runjebe. “Existe todo um ritual de rezas para a confecção dele”, explica Mauro. Essa peça, feita com miçangas marrons, corais e seguis, simboliza a história da vida daquela pessoa e vai acompanhá-la pela eternidade. De tão especial, o runjebe só é entregue na obrigação de sete anos de feitura de um iaô.

O Torço



Identidade no torço

Durante o período da escravidão era comum perceber as diferenças entre as culturas africanas trazidas ao Brasil através de detalhes da roupa. Entre as nagôs, o ojá era amarrado com várias voltas ao redor da cabeça. Já as negras jeje usavam um lenço sobre os cabelos. Dobravam o tecido em formato triangular, com a ponta para trás. “Até hoje, em Cachoeira, você conhece quando uma negra é de origem jeje pela forma de amarrar o torço”, compara a egbomi Cici. Preocupadas em esconder o cabelo, as muçulmanas amarravam o turbante com as pontas soltas para trás. Usavam, ainda, o pano-da-costa sempre do lado esquerdo. (Adriana Jacob)

foto: Welton Araújo

Signos do Candomblé - (Roupa da Baiana)

foto: Ricardo Prado

“A roupa é a expressão mais sofisticada de uma religião que trabalha com o elemento estético como determinante”, afirma Jaime Sodré.


Começa através das mãos da mãe, da avó ou da madrinha de um recém-nascido o primeiro ritual pelo qual passa uma criança nos terreiros de matriz africana. São elas que tecem ou encomendam um tecido que terá significado especial por toda a existência do descendente e mesmo após sua passagem pela terra. Dezesseis dias depois de nascer, a mão materna envolve o bebê no pano da costa especialmente lavado, incensado e perfumado para a ocasião. É assim que tem início o ikomojadê, cerimônia que apresenta, pela primeira vez, um novo filho ou filha às divindades reverenciadas no candomblé.

Guardado pela família, o tecido do Ikomojadê estará ao lado da criança até o dia em que, jovem ou adulta, se despeça da vida. Ainda que o ritual tenha variações – em algumas casas, ocorre no nono dia – ele revela pistas da importância da indumentária para a cultura negro-africana transportada pelo processo forçado da diáspora.

HIERARQUIA DO TRAJE


Somente aos mais antigos iniciados do candomblé é permitido o uso de todos os elementos do figurino afro-brasileiro.

A beleza dos trajes de ialorixás como Mãe Menininha do Gantois, Mãe Senhora, Olga de Alaketu, Gaiaku Luiza, Mãe Runhó e tantas outras exprime mais do que o esmero das costuras impecáveis. Quem conhece o universo da religião dos orixás sabe que somente pessoas com alto grau hierárquico podem usar todos os elementos do figurino afro-brasileiro. No candomblé, o tempo de iniciação religiosa é diretamente proporcional à importância e à reverência feita a cada membro da comunidade. Lá, o tema cada vez mais atual do respeito à terceira idade sempre foi regra. Nos terreiros, cabelos brancos são sinais de autoridade.

Por mais posses e dinheiro que um iniciante tenha, ele terá que começar como todos os outros: vestindo a roupa de ração. A vestimenta dos abiãs, nome dado aos recém-chegados, assim como a dos iaôs e muzenzas – espécies de noviços – é a mais simples possível. Branca dos pés à cabeça, confeccionada em morim, inclui o camisu ou camisa de crioula. Para os homens, a calça de ração. Para as mulheres, a saia de crioula. A cabeça, parte do corpo mais importante por guardar o axé, estará sempre coberta pelo ojá. Tudo sem rendas, babados ou decotes.

Cor ancestral
“ O branco, que representa a paz, é a cor de Oxalá, o pai de todos os orixás. Ele não é respeitado apenas pelas pessoas, mas também pelas outras divindades ”, explica a ekede Cinha, do Terreiro da Casa Branca. Associado à ancestralidade, o branco de Oxalá é a cor utilizada no “ nascimento ” de um novo iniciado e também nos rituais fúnebres, chamados de axexê. “Para nós, a vida e a morte têm quase o mesmo significado, porque não acreditamos em um fim. Quando morremos, viramos ancestrais”, explica a ekede.

Nenhuma fita enfeita a barra da saia de uma iaô. O primeiro adereço é adicionado quando ela completa um ano de iniciação. No terceiro ano, ganha mais duas fitas. No sétimo, são mais quatro. “Serão feitas roupas belíssimas de acordo com o tempo de iniciação e também com as posses. O tecido vai variar, mas se for uma iaô, mesmo rica, ela não pode se vestir como as mais velhas”, explica Dona Cici, que ocupa o cargo de egbomi, um dos mais respeitados das casas de matriz africana, já que só é concedido aos mais antigos.


(partes do artigo Alta Costura Afro-baiana de Adriana Jacob)

Escapulário


O escapulário funda as suas raízes na tradição da Ordem, que o interpretou como sinal da proteção materna de Maria. Contém em si mesmo, a partir desta experiência plurissecular, um significado espiritual aprovado pela igreja:

  • Representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromisso tem a sua origem no batismo que nos transforma em filhos de Deus.

Por ele a Virgem Maria nos ensina a:

  • Viver abertos a Deus e à sua vontade, manifestada nos acontecimentos da vida;
  • Escutar a palavra de Deus na Bíblia e na vida, a crer nela e a pôr em prática as suas exigências;
  • Orar em todo momento descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
  • Viver próximos aos nossos Irmãos na necessidade e a solidarizar-se com eles.
  • Introduz na fraternidade do Carmelo, comunidade de religiosos e religiosas, presentes na igreja há mais de oito séculos, e compromete a viver o ideal desta família religiosa: a amizade íntima com Deus através da oração.
  • Põe-nos diante do exemplo das santas e dos santos com os quais estabeleceu uma relação familiar de Irmãos e irmãs.

Exprime a fé no encontro com Deus na vida eterna pela intercessão de Maria e sua proteção.

Hábitos




Túnica

Manto longo, de cor branca, bege ou cinza que cobre todo o corpo. Representa a túnica que Jesus usava a caminho do calvário, “sem costura de alto a baixo “.

Alva

Veste idêntica a túnica, sendo toda branca. Simboliza a vida, a pureza e ressurreição.

Casula

Usada sobre todas as vestes cobrindo o corpo todo. Possui diversas cores que são usadas de acordo com o tempo litúrgico que está sendo celebrado. Usada no Natal, Páscoa e Corpus Christi.Simboliza a paz e a caridade para que todos que se aproximem do altar se sintam envolvidos.




Batina

A única diferença dela para a túnica é o comprimento maior até os tornozelos.
Possui cores específicas voltadas geralmente às ordens religiosas. A batina de cor preta é destinada aos sacerdotes, a branca para os monges dominicanos e cistercienses, a parda (ou marrom) é para carmelitas e franciscanos, a roxa para os bispos e a vermelhas aos cardeais, estas duas últimas são destinadas às autoridades eclesiais de máximo valor na Igreja, abaixo apenas do Papa.













Cíngulo

É um cordão que prende a alva ou a túnica à altura da cintura. Simboliza a vigilância, lembrando as cordas com as quais Jesus foi amarrado.
Todos esses tipos de vestimentas religiosas também possuem uma diversidade de cores que trazem significados próprios, usadas cada qual em seu período único no calendário litúrgico.

A diferença das cores nas vestes sagradas tem a finalidade de expressar, bem como no uso externo, a característica particular dos mistérios da fé que vão ser celebrados e o sentido da vida cristã no longo caminho em curso do ano litúrgico. No primeiro milênio, sempre foi usado o branco natural. A partir do século XII em Roma se fixou as cinco cores litúrgicas.

Branco

Simboliza pureza, alegria, começo de uma vida nova (batismo), luz. Usada em memórias da Virgem Maria, santos não mártires.


Vermelho

Representa o sangue derramado dos mártires pela fé e por Cristo na cruz. Usada no Domingo da Paixão e Sexta-feira Santa, Pentecostes, festa dos Apóstolos e Santos mártires.

Verde

Simboliza esperança na vida eterna que se renova, usada nas celebrações do Tempo comum.

Roxo ou Preto

Simboliza a Penitência e mortificação, luto pela perda de alguém, conversão. Usada no Tempo do Advento e da Quaresma, fiéis defuntos.

Rosa

Simboliza alegria pela vinda do Messias e pela salvação que Cristo realizou. Usada sempre no 3º Domingo do Advento e 4° Domingo da Quaresma.
O grande diferencial entre as vestimentas religiosas que é o Cíngulo. O hábito religioso que é usado por franciscanos possui três nós feitos em uma das pontas cingindo a cintura, onde ali está um grande significado dos sacerdotes da ordem. Tais nós significam os votos religiosos perpétuos de pobreza, castidade e obediência, prova de amor maior na aceitação do evangelho de Cristo.

O Hábito - Catolicismo


Já desde a época em que Cristo aqui vivia, o hábito era usado por todos os povos de diversas civilizações. O habito também conhecido como vestes ou paramentos, originaram do latim, apresentando significado idêntico, onde designam as disposições morais da pessoa e a sua atitude exterior.

O hábito é um aspecto muito concreto da vida religiosa, meio acidental. Porém, não deixa de ser uma das características conaturais, que na sua exterioridade foi o símbolo da vida consagrada na sociedade cristã já no decorrer dos primeiros séculos.

O surgimento do modelo religioso foi em conseqüência do modo de se vestir das mulheres cristãs, em particular às virgens, que por questões de costumes e tradições não podiam expor seu corpo, deviam preservá-lo unicamente a si próprio ou depois de casadas, ao futuro esposo ao qual faziam votos fidedignos.

Porém no decorrer da vida cristã, já desde o tempo monástico, o próprio Papa Celestino I (422-432) em uma de suas cartas eclesiástica (428) dirigida a todos os bispos das províncias existentes reprovava “alguns sacerdotes do Senhor já que estes vestiam o manto (pallium) e cingiam a cintura, com a convicção de que eram fiéis à Escritura não segundo o espírito, mas segundo a letra... Na visão do papa a distinção entre os sacerdotes do Senhor e o povo leigo deveria ser feita pela doutrina não pelo vestir, pela conduta, não pelo aspecto exterior, pela pureza de ânimo, não pela mais atrativa ornamentação”.

Assim como tudo no mundo sofre uma transformação, uma evolução que contribui com o desenvolvimento de uma nação, o hábito também passa por fases transformadoras desde a Idade Média até meados do século XVI. Foi um processo lento, porém complexo que o leva à aquisição de características essenciais que o distinguem até o os dias atuais. Neste processo surgem diversos modelos de hábitos religiosos monásticos, que se caracterizam diante de diversas ordens, ou seja, famílias cristãs que buscam seguir a Deus propagam a fé e auxiliam fiéis cristãos a viverem de acordo com o evangelho ao redor dos diversos continentes.
Atualmente, a Igreja Católica se utiliza de sinais sagrados, usando, por exemplo, vestes que distinguem os sacerdotes do Senhor das demais pessoas. Estas vestes representam o Cristo cheio de glória e simbolizam a comunidade que crê no Cristo ressuscitado.

Há vários nomes dados aos diversos modelos de vestes na vida religiosa, onde a maior utilização ainda ocorre no mundo catolicista que ainda é maioria no mundo.

Religião Evangélica


A religião pode ser definida como sistema de crenças que possui uma doutrina e um conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças, tendo como base e sustentação a idéia central da existência de uma força sobre-humana, divina, sagrada, transcendental e criadora do universo.

No decorrer do processo histórico a sociedade tem vivenciado modificações econômicas e culturais como deterioração das condições de vida, acentuou a frustração, tensões, violência social, consumo de drogas e rebeldia dentre outras, e isto tem provocado repercussões refletidas em mudanças de mentalidades e práticas sociais.

De acordo com os aspectos históricos da humanidade a igreja evangélica pode ser conceituada como toda congregação que teve como origem a Reforma Protestante e que segue os ensinamentos da Bíblia, Novo e Antigo Testamento como Livro Sagrado ou que concordam com pressupostos fundamentais feitos por Jesus. Ensinamentos estes descritos com base na salvação da alma e no merecimento das promessas descritas no Antigo Testamento.

Evangélico é um termo bastante abrangente que inclui uma diversidade de grupos com diferentes interpretações sobre a Bíblia. Dentre esta pluralidade podemos destacar como as principais correntes: Evangélicos históricos, Evangélicos Pentecostais e Evangélicos neopentecostais.

Os evangélicos históricos têm como seguimento uma doutrina com base na reflexão dos diferentes significados da Bíblia durante a história, essa reflexão engloba as diversas interpretações conforme sua consonância com a Bíblia. A sua origem se deu o período da Reforma Protestante. Seus pressupostos se baseiam no processo de maturação que teologia cristã vivenciou, para refletir e mudar os as regras e costumes morais estabelecidos anteriormente pela Igreja Católica Romana.

Os evangélicos Pentecostais é um grupo mais recente com características semelhante aos evangélicos históricos, entretanto, a sua característica mais relevante é a visão mística do relacionamento com deus, acreditando que os milagres e sinais descritos na bíblia poderão acontecer na atualidade. Nos cultos e nas Campanhas da igreja os evangélicos pentecostais são exigidos a sua presença e participação. Em relação as suas características físicas já não são tão facilmente identificados, por exemplo, pela vestimenta, por portarem suas bíblias, e, no caso das mulheres, pelos cabelos presos. Prática muito comum

entre este grupo é não só ajudar os membros necessitados, mas também buscar serviços de pessoas ligadas ao mesmo sistema de crenças.

Já Evangélicos Neopentecostais pregam algumas práticas pentecostais, mas também inseriram novas praticas e modalidades como a utilização de objetos como “ponto de contato” que pode ser definida como a utilização de imagens e enfatização da busca de bênçãos materiais. Bonfatti (2000) afirma que o neopentecostalismo “tem como características além do antiecumenismo, presença de líderes fortes, a catarse emocional, participação na política partidária”. Este grupo possui práticas semelhantes aos Pentecostais, pois eles também buscam ajudar os membros necessitados, mas também buscam apoio com outros fiéis do mesmo sistema de crenças.

Novaes (2001) ao analisar os dados sobre religiosidade dos brasileiros obtidos no censo realizado pelo IBGE em 2000 comenta que o fenômeno mais evidente na sua pesquisa sobre Religião é o expressivo crescimento numérico de evangélicos pentecostais de diversas denominações que se multiplica em organizações religiosas de pequeno, médio e grande porte.

De uma forma, a cada ano tem aumentado o número de igrejas evangélicas no Brasil, sendo considerada a segunda maior religião do país, com maior numero de fíeis depois da religião Católica. Todavia, a religião também pode ser vista como uma rede de apoio social, sendo utilizada como suporte para lhe dar com as dificuldades e agruras da vida. Sendo assim, os fiéis da igreja evangélica crêem que o Senhor è o Salvador e a fé são as únicas esperanças e fortaleza de superar os desafios humanos.


Billy